sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pressentimento


Levantei quinze minutos atrasada, por conta da insônia ansiosa que tive durante uma parte da noite. Tomei um banho e rapidinho um copo de leite. Coloquei uma saia preta de cintura alta, dois dedos cima dos joelhos e uma blusa preta de bolinhas brancas. O sapato foi o meu da sorte, salto médio , tom pastel, acrescentei uma pulseirinha pra dar um charme no look completo. Pronto. Direto pra parada de ônibus. Começou a chover . Beleeeza... tinha um guarda - chuva na bolsa. Mas não adiantou muito, a chuva engrossou casada com a ventania que tava dando na hora, o guarda - chuva virou ao contrário. Sorte a minha que tinha uma banca de revista perto dali , então , fiquei embaixo do toldozinho até a chagada do bonde . Fiz o sinal , entrei , ônibus lotado ...

Quero abrir um parênteses para comentar sobre o cheiro e as peculiaridades que se fazem presentes dentro de um ônibus lotado , principalmente , quando está chovendo!Pessoas de todo o tipo estão ali dentro , entenda - se pelo que acabei de dizer que são pessoas altas, baixas, magras , outras nem tanto , cheirosas ou podres , com bafo ou azedas , parece que algumas acabaram de sair de uma foça onde alimentavam - se de merda. E o mais bacana , o maaais bacana é que você fica impregnada de todas essas catingas maravilhosas . Pode ser uma sessão de purificação ou tortura , depende da sua história de vida e do que essas situações significam para você , enfim, para mim criam uma motivação indescritivelmente forte que quando saio de um ônibus desse tipo é como se estivesse saído da yoga. Por quê ? Porque lá dentro penso na minha vida, vejo rostos que nunca vi, sinto cheiros, podem não ser agradáveis, mas são cheiros de gente de verdade, que trabalha muito, que passa por isso todos os dias ( não que para ser gente de verdade você precise feder ou coisa parecida , não é isso! ), reflito sobre o quão intrigantes são as pessoas e me pergunto pra onde elas estão indo, de onde estão vindo. Saio revigorada, mas não é sempre... às vezes desejo ter um carro e me locomover com conforto.

Bom, voltando ao momento em que acabei de entrar no ônibus... Passei pela roleta com dificuldade. Procurava um espacinho para que a minha mão pudesse ficar e me dar o mínimo de estabilidade. Depois de trinta minutos, praticamente sufocada por causa das janelas fechadas, me encaminhei para a saída com antecedência, para que eu pudesse descer na parada certa, desci com um pé em uma poça de lama, imaginem o quanto fiquei 'feliiz', pra resolver a situação coloquei meu pé em outra poça em que tinha mais água do que lama... A chuva já havia dado uma trégua.

Andei dois quarteirões e finalmente cheguei. Como aquela empresa enchia meus olhos, a fachada era toda de vidro espelhado, gigante. Antes de ir até a sala de espera fui ao banheiro retoquei a maquiagem , ótimo.Estava confiante. Fui até a sala de espera e lá me acomodei. Havia mais meia dúzia de "outras umas" concorrendo ao cargo de secretária, como eu. A entrevista era individual. Falei sobre várias coisas. Respondi todas as perguntas. Mantive um leve sorriso durante toda a entrevista. Disse que me destacava das outras candidatas, porque sou extremamente adaptativa em todos os tipos de trabalho e me relaciono bem com todos. Teve uma hora que quis morrer, entre uma pergunta e outra a minha barriga roncou, fez tipo "rooooowng"... O entrevistador me olhou com uma cara muito esquisita.Me senti uma jibóia com fome naquele momento. Minutos depois, entrevista encerrada. Seria só o incidente da minha barriga, não fosse mais um probleminha com o meu salto prendendo na saída da sala, na valhinha da pedra de mármore em baixo da porta. Caí pra frente por ficar puxando a minha perna. Depois dessa cena saí andando rápido, nem olhei pra trás. Quando estava perto de casa, passei de baixo de umas árvores e levei uma cagada de pombo na cabeça, pelo menos estava perto de casa. Cheguei em casa. Quando entrei no banheiro escorreguei num tantinho de água que tinha por causa de um goteira no teto.Bati a nuca.Morri. Meu corpo estava totalmente decomposto dois dias depois por estranhas criaturas. Na minha lápide foi escrito... Nasceu, cresceu, não se reproduziu, escorregou na poça e morreu...

"PI-PI-PI-PI...PI-PI-PI-PI-PI..."...Droga! Que susto!Parecia verdade... Despertador... só mais cinco minutinhos... Puts! Quinze minutos atrasada!!!!! Vou tomar um banho e um copo de leite . Uhmmmm... Essa saia...coooom essa blusa preta de bolinhas brancas e... o meu sapato da sorte.Ah! Não pode faltar um acessório. Perfeito!Fuuuuuuii... Não acredito. Chuva...


by cereja

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Meu amorzinho


ai, como eu quero te matar. Meus pensamentos estão confusos e insistentemente fixos. Tenho milhões de coisas pra fazer, mas não as faço de forma satisfatória. Talvez eu tenha confundido muitas coisas, talvez tu tenhas confundido, também. Até agora eu sabia o que escrever, mas nesse instante sumiu tudo da minha mente. Há alguns dias eu sabia quem eras e o que representavas em minha vida, nesse momento já nem sei mais como as coisas vão ficar. Uma aflição já tomou conta do meu 'self' . Reprimo essa aflição pra que ninguém perceba, mas senti uma necessidade imensa de ganhar a alforria desse sentimento que eu nem sei que nome dar, decidi, então, externá - lo. Meu cabelo tá ruím, a culpa é tua. Minha fala e tudo o que eu faço está apático, a culpa é toda tua. Sinto um nó na garganta que mais parece uma maçã entalada na minha faringe. Se é amor? Não, não... com certeza não. Hoje tenho certeza de que não. Estou falando de um assunto mal resolvido. Ops! Eu quero dizer... NÃO resolvido. Sem diálogo. Nada. Eu te quero de volta do jeito que eras pra mim. Eu quero o meu parceiro de volta do jeito que ele me fazia rir. Eu quero todas as confidências de volta depositadas em meus ouvidos. Eu quero ouvir as besteiras de sempre de novo, quero ter certeza de que nada mudou. Tenho vontade de bater na porta da tua casa , te chamar de cara de merda , brigar contigo e depois te abraçar. Mas não vou fazê - lo , as coisas e circunstâncias não dependem só de mim. Não posso fazer tudo e nem me culpo por isso. Também não posso suportar a minha garganta fechada por muito tempo. Se vais sumir da minha vida ? Não sei! Espero que não... Talvez eu esteja fazendo uma tempestade num copo d'água, talvez eu te encontre por algum acaso e a gente nem toque no assunto, talvez... Talvez... Eu nem sei mais. Só sei que aqui estou, pela primeira vez... íntegra , exposta e despida...

by cereja